Olá Leitores!
Mais um texto publicado no Jornal O Dia. Espero que gostem!
Quem
Forma o Estuprador?
Deny
Sávia Martins da Silva
Contabilista,
Esp. Em Auditoria, Acadêmica em Direito
Diante
dos graves constantes ataques sofridos pelo gênero feminino nos últimos tempos,
tais quais homicídios bárbaros e em especial o estupro coletivo, a sociedade
diante do choque não sabe para quem apontar o dedo. De acordo com as campanhas
das redes sociais a culpa não é da vítima e sim do agressor. De certa forma é
aceitável, mas quem realmente está formando o estuprador? Quem está propagando
a inferioridade feminina diante da barbárie que nós mulheres estamos sofrendo?
Desde
os anos 90, a imagem feminina está sendo vendida da pior forma possível. A
associação cultural feita entre a mulher e o objeto de consumo está cada vez
mais estreita. A mídia usou desde músicas de duplo sentido com coreografias
erotizadas até programas dominicais em horário familiar (horário do almoço de
domingo, em que as famílias costumam se reunir diante da TV) com conteúdos de
“peito e bunda” até mulheres de camisetas molhadas, entre outras atrações de
conteúdo sensualizado que se alojou no subconsciente de todos nós, formando o
nosso conceito sobre a mulher objeto.
Hoje,
não diferente de 20 anos atrás, a imagem da mulher continua torta aos olhares
da sociedade sem contar com o machismo velado inclusive entre as mulheres.
Quantas vezes já vimos alguém dizer “a gente não pode é falar nada, mas...”. A mulher
separada, a mãe solteira, a mulher que tem muitos namorados. Todas elas. A
sociedade da boca pra fora diz “os tempo são outros”, mas por dentro, muitos
estão se mordendo pra dizer “ela não vale mais nada”.
A
mídia, além do machismo velado, é uma das maiores formadoras de estupradores
que existe. A mulher objeto, a mulher photoshop, a mulher fruta participam de
tudo isto. A vulgarização da imagem do gênero feminino está sendo a chave para
muito do que está acontecendo e infelizmente tudo isso com o auxílio da mulher.
E
quanto a quem não participa disto? Lamenta-se muito. As mídias dão uma visão
generalizada quando à mulher objeto. Infelizmente, mulheres dignas e
desprotegidas estão sendo cada vez mais covardemente atacadas devido a sua
imagem inferiorizada. Nos crimes de ódio, especialmente nos de gênero, o
agressor inferioriza a condição da vítima e, valendo-se disto, pratica as
maiores barbáries considerando-se superior e inatingível.
Então
diante da imagem da mulher objeto, cultivada até pela própria mulher, das
mídias sensacionalistas e do ódio do ser humano temos um Coquetel Molotov de
longo alcance que, como todo explosivo, atinge quem estiver por perto inclusive
aos inocentes.
Até
quando, nós vamos apontar o dedo para os outros? Todos nós damos audiência para
a mídia inflamada. Todos nós temos uma pontinha de machismo por dentro. Vamos
todos fazer a nossa parte e lutar por aquela que está tendo a sua imagem
tomada, o seu corpo violentado e a sua vida destruída. Diga não à covardia, não
à violência, não à desvalorização e não ao estupro.
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